Manter plantas e lavouras hidratadas durante períodos de seca é um desafio cada vez maior diante das mudanças climáticas. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desenvolveram um hidrogel sustentável, capaz de reter água no solo e liberá-la gradualmente. O material é produzido a partir de resíduos da indústria, como restos de tubos de papel, e surge como uma alternativa inovadora para o uso mais eficiente da água na irrigação.
O projeto é gerido pela Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (Fundec) e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). O coordenador da pesquisa, Lorival Marim Mendes, explica que a proposta dialoga diretamente com a crise hídrica global. “É um projeto que impacta essa fase de mudanças climáticas e falta de água, além de reforçar o papel da UFLA na vanguarda do setor agrícola, oferecendo alternativas para superar a crise climática”, afirma.
O pesquisador de pós-doutorado em Engenharia de Biomateriais da UFLA, Rafael Carvalho do Lago, destaca que o grande diferencial do hidrogel está no uso da nanotecnologia. “Utilizamos nanofibrilas de celulose, que formam redes bem estruturadas com alta capacidade de retenção de água e liberação de micronutrientes”, explica. Outro ponto importante é o reaproveitamento de resíduos industriais, fortalecendo a lógica da economia circular e reduzindo impactos ambientais.
Segundo Rafael, o próximo passo é viabilizar a comercialização do produto. Para isso, os pesquisadores trabalham na transformação do hidrogel em pó, o que facilita a logística e o uso tanto doméstico quanto agrícola. A iniciativa reforça o papel da ciência desenvolvida em Lavras na criação de soluções sustentáveis que unem inovação, economia de recursos naturais e soberania tecnológica para o Brasil.
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